1982. Fui, não sei como, parar em uma excursão para as extintas Sete Quedas. Lugar bonito. Acabaram com a elevação do lago de Itaipu. Sumiram.
Foi uma viagem de ônibus do Juarez, figura folclórica aqui da cidade. Tinha uma visita a cidade de Puerto Stroessner em um dos dois dias marcados para a gente. Logicamente fui com uma merreca de dinheiro daqui, que agora não me lembro qual era, para comprar um All Star. Legítimo. Coisa de retardado.
Lembro que fiquei que nem um tonto perguntando para aqueles seres se alguma loja dali tinha autorama para vender. Logicamente era a primeira opção, só que eu não podia dizer em casa... Então foi aquela romaria de loja em loja, numas ruas de terra, até saber que ninguém sabia o que eu queria. Até os gestos de um carrinho rodando em uma pista eu fazia... em vão. Nada.
Então, comprei um All Star azul, cano alto e uma meia também da mesma marca. Acabou o dinheiro. Nesta mimosa loja, que eu abomino até hoje, tinha uma parte fechada com biombos. Após efetuar a compra fui passando perto deles e vi, quase em estado de choque, um baita Niki Lauda de papelão, tamanho natural, segurando dois carrinhos Aurora H.O. na mão. Olhei mais um pouco e vi uma seção inteira da loja vendendo o bendito autorama. Voltei correndo ao caixa para desfazer a compra do tênis. Em vão. Lembro que chorei de raiva. Muito. Mas também lembro que xinguei muito aqueles índios. Também lembro que para esses babacas, autorama quer dizer "la auto carretera"...
Lembro nitidamente deste dia. Queria esquecer. Não consigo. O tênis acabou em dois meses...
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