Sempre disse que o discurso petista era o melhor de todos. Um dia, lá nos idos dos primeiros votos, era radical. Votava sempre no pecêdobê e naquela fantástica fábrica de abobrinhas que era o Freire... Achava que estava engajado em algo, algo maior que mudaria a vida de todos. Era bom se sentir mais um, perante a massa que pedia mudanças. Era como pertencer a uma torcida organizada, que, sem conhecer ninguém, sabia-se que não estava só.
Só que aí entrou o fator vida. Vida que segue. Anos que se fazem passar. Ouvia o Freire e não entendia mais aquelas palavras de ânimo e revolta. As palavras não se faziam mais explêndidas... O que havia mudado tão de repente?
Era uma massa amorfa a política sem o advento do marketing. Tínhamos um quase herói que sucumbiu à diverticulite e outro que aproveitou a chance de surrupiar o país. O divisor de águas foi o ano de 90. A luta havia voltado. Todos engajados. Havia um frenesi nas ruas contagioso. O único problema era a falta do conteúdo. Onde votar a esperança. No lugar errado mais uma vez se depositou a confiança.
A falácia era regra. O marketing se apoderou disso. Novela das oito e eleições. O mote invencível que dizimou as chances em mais uma década de atrasos.
O marketing percebeu que perdia terreno e avançou na retomada da esperança. Era barbuda e feia. Necessário, pois, um banho de loja e civismo. Outra década perdida com uma esperança totalmente falsa.
A esperança se cansou. O que era bonito ficou feio. O que era para ser a salvação, trouxe uma infindável lista de pequenos apocalipses...
O discurso opositor falhou. A massa amorfa voltou. O marketing impera e outra década mais será perdida.
"O povo brasileiro não sabe votar." - Geisel
Um comentário:
Excelente!!!
Abraços
Paulo
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