Pequenos Grandes Traumas - A Série Ilustrada

Não sei se cheguei a comentar isso aqui já, mas em todo caso lá vai de novo: Por volta dos meus 17 aninhos, meu pai me disse que iria me dar um carro quando completasse 18. Eu já sabia que não seria um carro novo e, portanto, nem me liguei em ver nada do tipo. O fato é que na minha turma tinha um sujeito, o Fernandinho Romão, que tinha um Puma GTE azul metálico. Eu ficava encantado com o carro e mais ainda pelo fato dele estar com uma leve preparação no motor e câmbio. Nada assustador, mas que dava um toquinho a mais no carro: dois Webber 40 no 1700 cc já deixava alegrinho e mais a caixa P3 de marchas mais ainda... Ou seja, era um carro "longo", podendo rivalizar com aquelas merdas 0Km da época...

Então, eu sempre namorei o "Puminha" do Fernandinho e um belo dia eu vi o carro em um estacionamento a venda!

O carro era 1977 e estávamos em meados de 85... Era novinho e original.

Fui lá ver o preço.

Dava.

Levei meu pai lá e falamos com o cara do estacionamento. A cara do sujeito já dava pinta do que viria a seguir. Desespero total e irrestrito.

Eu simplesmente não cabia no carro. Nem consegui tirá-lo do estacionamento para dar uma volta...

Lembro do meu pai rindo e dizendo: se você quiser, a gente serra as suas pernas!!!

Me senti absolutamente e cruelmente morto.

A sensação de deixar para trás o Puma tão sonhado foi triste. Parecia que ele deixou uma lágrima escorrer pelo farol ao me ver partir...

Hoje, recuperado do trauma, sou uma pessoa normal. Só não posso ver essa merda de Puminha na rua. Escorre uma espuma branca no canto da boca e dão umas convulsões, que passam logo.